terça-feira, 25 de junho de 2013

Argentina aprova lei de fertilização assistida que inclui casais gays





A Câmara de Deputados da Argentina aprovou nesta quarta-feira por esmagadora maioria a lei de fertilização assistida, que garante a casais hetero e homossexuais o acesso universal a procedimentos e técnicas de reprodução. A norma foi aprovada por ampla maioria de 203 votos a favor, um contra e 10 abstenções. 

Maria Elena Chieno, titular da comissão de Saúde da Câmara de Deputados, disse que a lei beneficiará as famílias que durante anos tiveram que "hipotecar suas casas ou vender seus bens para poder ter um filho". 

Após a sanção da lei, será garantido o acesso a toda pessoa maior de idade, qualquer que seja sua orientação sexual, às técnicas de reprodução médica e baixa e alta complexidade. Estas técnicas estarão compreendidas no Programa Médico Obrigatório (PMO) e nos serviços básicos que as seguradoras sociais sindicais e de medicina privada devem cobrir. 

A iniciativa também contempla os casos de menores de 18 anos com problemas de saúde que possam ter comprometida sua capacidade de procriar no futuro e autoriza o congelamento de seus gametas ou tecidos reprodutivos. 

O projeto, votado em comissão após dois anos de atraso no Congresso, foi impulsionado pela organização não governamental 'Sumate a dar vida', que recolheu 280.500 assinaturas para reivindicar o tratamento. 

"Esta lei continua reivindicando a Argentina como o país que mais respeita a diversidade na América Latina", disse César Cigliutti, presidente da Comunidade Homossexual Argentina (CHA). Foi esta entidade que solicitou ao Congresso que não discriminasse os casais por sua orientação sexual. "É uma linda possibilidade que nossos casais têm para formar a família que quiserem", afirmou Cigliutti, em comunicado. 

A Argentina já tinha aprovado, em julho de 2010, a lei do casamento entre homossexuais e nos dois primeiros anos de sua vigência, 6.000 casais se casaram no país, segundo a Federação Argentina de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (FALGBT). 

No ano passado também foi aprovada uma lei de identidade de gênero que autoriza travestis e transexuais a cadastrar seus dados com o sexo escolhido. 

O senador governista Daniel Filmus, impulsionador da lei de Fertilização Assistida na Câmara alta, disse que se trata de um "projeto que avança porque não exige constância de infertilidade ou estar em um casal, não discrimina por gênero ou idade e inclui técnicas de alta complexidade". 

"Atualmente, entre 10% e 15% dos casais na Argentina não têm acesso a estes métodos por não contar com os recursos econômicos necessários para isto", afirmou no debate a deputada oposicionista Virginia Linares, da Frente Ampla Progressista (FAP, socialismo e centro esquerda). 

À nova lei, que inclui os tratamentos feitos com assistência médica para conseguir uma concepção, poderão ser agregados novos procedimentos, segundo avanços científicos que forem autorizados pelo Ministério da Saúde. 

Entre as mudanças introduzidas pelo Senado no texto original, antes de aprová-lo em abril, está a possibilidade de que o Ministério da Saúde tenha a faculdade de capacitar os profissionais e a inclusão de um orçamento para fazer campanhas de promoção sobre a nova legislação. 

Fonte: Terra / AFP

Turquia, destino preferido para o "turismo da fertilidade"

A Turquia se transformou no destino favorito dos casais do Oriente Médio, da Europa Oriental e inclusive dos Estados Unidos, que necessitam da técnica de fecundação in vitro para poderem ter filhos. 

O segredo do sucesso: uma tecnologia de ponta comparável a dos melhores centros europeus e norte-americanos, mas com preços até cinco vezes menores e um ambiente acolhedor. 

"Faz cinco anos que meu marido e eu queremos ter filhos e, embora sejamos férteis, só podemos consegui-lo através da fecundação assistida, um tratamento que nos Estados Unidos custa US$ 16 mil para uma única tentativa", explicou à Agência Efe Sarah Flores Sievers, diretora de um programa de saúde pública em Santa Fé, capital do Novo México. 

"Ficamos diante de um dilema: pagar a hipoteca e as contas ou ter um bebê?", disse Sarah. 

Segundo Fletcher Sievers, marido de Sarah, algo tão simples como a injeção vaginal de esperma custa entre US$ 2,5 mil e US$ 3 mil nos EUA. 

Por este mesmo preço, um paciente na Turquia tem acesso às tecnologias mais avançadas de fecundação in vitro, com taxas de sucesso elevadas, entre 50% e 55%, afirmou Bülent Tiras, médico-chefe da unidade de tratamentos de fertilidade no hospital Acibadem de Istambul. 

A maioria de seus pacientes é formada por turcos, mas Tiras estima que entre 10% e 15% sejam estrangeiros, a maioria da Europa oriental e dos Bálcãs, onde a tecnologia está menos desenvolvida, além dos países árabes e da Ásia Central. 

Mas também há casais da Europa ocidental e cada vez mais americanos, disse Burcu Dagistanli, especialista de Serviços Internacionais no hospital Anadolu de Istambul, o centro escolhido por Sarah e Fletcher Sievers. 

"A Turquia ainda gera alguma desconfiança principalmente nos Estados Unidos, pois é um país islâmico, às vezes as pessoas têm medo, me perguntam sobre terrorismo. Mas uma vez que chegam aqui, não se arrependem, ficam muito à vontade", contou Dagistanli. 

O hospital não faz publicidade no exterior, mas as notícias são divulgadas rapidamente entre os casais que buscam meios para realizarem seu desejo de maternidade e após o sucesso de uma gravidez o boca a boca é a melhor publicidade, garantiu. 

Sarah procurou bastante na internet antes de descobrir Istambul, confessou. "Entrei em contato com centros na Tailândia, Índia, México, Espanha, República Tcheca e finalmente Turquia. Ao ver os preços, nos demos conta de que, incluindo as passagens de avião, remédios e tratamentos, poderíamos vir três vezes aqui pelo preço de uma única tentativa nos Estados Unidos", resumiu. 

Os preços quase não variam entre os diferentes hospitais consultados: ficam em torno dos US$ 2,5 mil. Além disso, devem ser acrescentados os remédios que, dependendo de cada mulher, podem oscilar entre US$ 700 e US$ 1,8 mil. No total, o preço da esperança não supera os US$ 4 mil. 

Ao contrário do que ocorre em alguns países europeus, como a Itália, a legislação turca não impõe barreiras para a fertilização in vitro, segundo Bülent Tiras. Existe apenas uma condição: o casal deve ser casado. 

Uma norma um tanto incoerente, segundo o médico turco Hakan Kozinoglu especialista em tratamentos de fertilidade, já que nenhuma lei impede a concepção de filhos, nem penaliza o adultério. 

Segundo o especialista, o requisito do certificado de casamento impede que as mulheres solteiras tenham acesso a este tratamento e descarta, além disso, as doações de esperma. 

Os serviços de bebês de proveta costumam estar sempre com fila cheia, assegurou Dagistanli, cujo departamento foi criado para atender pacientes estrangeiros e esclarecer dúvidas. 

"O tratamento exige muito atendimento psicológico e começa antes de chegarem ao hospital: a mulher deve tomar a pílula e fazer alguns exames para chegar ao hospital no momento certo e, durante este tempo de preparação, mantemos sempre o contato", afirmou o especialista. 

O Anadolu inclusive oferece aos pacientes uma residência no jardim do próprio centro para as duas semanas do processo. Entretanto, Sarah e Fletcher preferiram procurar um apartamento por conta própria, para conhecer a cidade. 

"Nada é 100% garantido: se funcionar, genial, e se não, simplesmente tivemos umas férias maravilhosas", declarou a jovem americana. 

"Se uma primeira tentativa falhar, sempre podemos voltar a tentar", acrescentou. "Eles já têm meus óvulos congelados, será mais fácil". E de todas as formas, confessou, "é preciso voltar à Istambul seja como for". 

Fonte: Terra 

Estudo brasileiro traça perfil dos doadores de gametas e embriões



A reprodução assistida tem contribuído para minimizar questões decorrentes de fatores que comprometem os ideais de constituição de famílias compostas por filhos gerados em seus núcleos.

As descobertas e alternativas para o tratamento da infertilidade foram se ampliando e proporcionando aos pacientes, que por algum motivo não mais possuíam seus próprios gametas, a possibilidade de contar com um banco de sêmen, com a doação de óvulos e de embriões. No entanto, em meio aos progressos, não raro surgem os questionamentos em relação ao que leva uma pessoa a optar por gametas doados, como também porque alguns pacientes optam em doar.

O Fertility – Centro de Fertilização Assistida desenvolveu um estudo para traçar o perfil das pacientes que se submetem a ciclos de reprodução assistida e são doadoras de óvulos e embriões. Foram analisados 229 termos de consentimento informado, entre os anos de 2010 e 2011. Neste documento, o casal determina o destino dos gametas e embriões excedentes ao tratamento. Os resultados mostraram que 34,5% das pacientes doariam seus óvulos e 24,9% doariam os embriões.

Em se tratando da doação de óvulos, as pacientes são mulheres jovens que também estão se submetendo às técnicas de Reprodução Assistida, em que o principal fator da infertilidade é masculino. Entre as doadoras, 42,1% têm até 35 anos; 20,7% entre 36 e 39 anos e 33,3% estão com 40 anos ou mais. O levantamento também avaliou o grupo a partir da escolaridade e religião, conforme registrado nas tabelas 1 e 2.





A partir dos dados apresentados notamos que pacientes mais jovens são mais propensas a doarem seus óvulos excedentes. Entretanto, a religião parece não influenciar a ovodoação. Nós, enquanto profissionais da área de reprodução assistida, devemos buscar recursos para manter a ovodoação como tratamento viável para pacientes que dela necessitem.

Um pouco mais polêmica, mas também totalmente possível, a doação de embriões possui algumas questões mais específicas, que dizem respeito em grande parte a noção de que a carga genética define a parentalidade, decorrendo culpa ao delegar o seu próprio, sem controle face ao destino de um potencial filho.

A doação de gametas e embriões tem como norma reguladora a Resolução n. 1.358/92 do Conselho Federal de Medicina, que estabelece duas premissas básicas: não ter caráter comercial e preservar o anonimato dos doadores.

Numa pesquisa anterior, realizada há dois anos, foi identificado que 86% das mulheres com embriões congelados não pretendiam doá-los para outras pacientes, uma vez que entendiam que seria como entregar um filho para doação. Segundo a psicóloga da clínica, responsável por conduzir o estudo, neste caso, a doação geraria culpa, medo e angústia. Já para 14% das pacientes que doariam seus embriões, a ação girava em torno de um mesmo propósito: o reconhecimento da dor do casal que deseja passar pela experiência de gestar e dar a luz, mas não consegue devido a algum problema de infertilidade.

Fonte: Clínica Fertility / SP

terça-feira, 11 de junho de 2013

Responsável pela 1ª gravidez no mundo com transplante de tecido ovariano


O avanço é considerado um dos mais importantes em tratamentos de infertilidade nos últimos 25 anos.

O Centro de Reprodução Humana Nilo Frantz, dentro das comemorações dos seus dez anos, traz à Capital gaúcha, o pesquisador e professor da Universidade Católica de Louvain\Bélgica,Jacques Donnez, responsável pela primeira gestação, com transplante ovariano no mundo, em 2004, publicada na RevistaThe Lancet. A conferência será apresentada no dia 28 de junho, às 8h30min, no Hotel Sheraton, em Porto Alegre, durante o Simpósio de Endometriose e Infertilidade: Evidência, Experiência e Inteligência. De acordo com o coordenador geral do Evento, Nilo Frantz, a programação vai abordar novidades científicas nas áreas da endometriose, videolaparascopia, oncologia e infertilidade. O evento é direcionado para médicos e as inscrições podem ser feitas pelo sitehttp://www.nilofrantz.com.br/evento e (51) 2108-3121.

Transplante de ovário
A belga Quarda Touirat, de 32 anos, havia sido diagnosticada com linfoma de Hodgkin em estágio avançado. Os médicos chefiados por Jacques Donnez apresentaram uma proposta revolucionária para preservar a sua fertilidade antes da quimioterapia. A expectativa é de que a técnica ajude milhares de pacientes vítimas de câncer a engravidar e ter filhos.
Donnes explica que parte do tecido ovariano foi removido e congelado e a paciente recebeu o reimplante seis anos mais tarde, depois de se curar, e logo voltou a menstruar. O avanço é considerado um dos mais importantes em tratamentos de infertilidade nos últimos 25 anos. A única opção para a paciente Quarta Touirat, sem o reimplante do tecido ovário seria a fertilização in vitro com um óvulo doado.

Avanços

A nova técnica envolve a remoção de uma camada de 1 a 2 milímetros do ovário e cortá-las em partes, que são depois congeladas em nitrogênio líquido a uma temperatura de quase 200 graus Celcius negativos. O tecido pode ser depois transplantado para qualquer parte do corpo e ainda funcionar. Os óvulos poderiam depois ser removidos e utilizados num tratamento de inseminação artificial, mas, no caso belga, o tecido foi reimplantado no final das trompas de falópio, possibilitando uma gravidez natural.
 

Fonte: Clínica Nilo Frantz

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Vacina produzida com os linfócitos paternos




Quando a informação imunológica de um casal é diferente, o organismo da mulher reconhece o feto como um corpo estranho, mas, logo depois, passa a produzir os anticorpos bloqueadores que evitam o aborto espontâneo. Mas nem todos os casos são assim. Algumas vezes é preciso adotar outros recursos para que o organismo receba o embrião sem rejeição. O Dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi, Diretor clínico do IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetricia), explica.

O que é a vacina produzida com os linfócitos paternos e em quais casos está indicada?
Primeiramente é preciso explicar que quando o embrião chega ao útero da mãe ele traz o DNA materno e o DNA paterno. O DNA do pai poderia ser entendido pelo organismo da mãe como um corpo estranho, fazendo com que ele o rejeitasse.
Normalmente as mulheres criam um novo anticorpo que é um antídoto para proteger o embrião contra a rejeição. Quando esse anticorpo protetor não se forma a mãe rejeita o embrião, impedindo a sua implantação ou ocasionando um aborto posteriormente.
Nesses casos, se faz uma vacina ILP (imunização com linfócitos) com o sangue paterno para que o organismo da mãe forme esse anticorpo protetor antes do embrião chegar.
Para se compreender melhor, é como se você chamasse a polícia antes do ladrão chegar.

Há controvérsias sobre essa vacina? 
Existem algumas controvérsias sobre a validade vacina, pois as mulheres que nunca engravidaram não tem esse anticorpo. Daí surge a questão: será que vale a pena fazer essa vacina? Não existem estudos que comprovem a sua eficácia, embora em casos especiais ela pode ser utilizada.

É possível saber antes se a mulher terá essa rejeição? Ou ela precisa passar por todo o processo, sofrer as falhas de implantação e abortos recorrentes?
Se você fizer o exame cross-match* ele certamente vai dar negativo se a mulher ainda não tiver engravidado, portanto, não é possível concluir se a mulher terá os anticorpos ou não. Somente na prática.

Se o cross-match for feito após um aborto, daí ele teria um resultado confiável? 
Se ela tiver abortos recorrentes sim. Um cross-match negativo representa a ausência de anticorpos protetores.

Então o diagnóstico é esse: clínico, pelo histórico do casal, e exames seria somente o cross-match após aborto?
Sim, após abortos e falhas de implantação em caso de tratamentos de reprodução assistida.

O uso da vacina está bem fundamentado?
Não, se não esse uso já seria mais consolidado. O tratamento também pode ser feito com a imunoglobulina. Ela é um soro que contém anticorpos de outras pacientes que carregam os anticorpos protetores. É um preparado especial injetado na mulher pouco antes da transferência dos embriões para que ela tenha os anticorpos protetores.

Essa imunoglobulina é manipulada?
Não, ela é vendida pronta e seu custo financeiro é alto. Uma dose (calculada por peso, 200mg/kg) custa, em média de R$3.500 a R$4.000. Depois que a mulher engravidar ela vai tomar mais duas ou três doses.

Existe alguma evidência de que os filhos de mulheres tratadas com a imunoglobulina ou com a vacina possam apresentar problemas?
Não, até hoje não se comprovou nada. 

*Sobre o cross-match:
A avaliação da presença dos anticorpos protetores é feita com um exame denominado Cross-Match, que pesquisa a existência de anticorpos contra linfócitos paternos no sangue da mãe. Existem diferentes métodos para a detecção desses anticorpos no soro materno, tais como a microlinfocitotoxicidade e a Citometria de Fluxo Quantitativa, sendo somente o último indicado para a avaliação na área de reprodução, principalmente por ser mais sensível e apresentar menos variância entre resultados da mesma amostra. Os resultados dos exames de Cross-Match são usados para indicar o tratamento e para monitorizar a resposta materna à aplicação das vacinas (ILP).
Concluímos que 3 aplicações de ILP com intervalos médios de 3 semanas são suficientes para sensibilizar a grande maioria das pacientes, e em torno de 30% dos casos necessitam de mais uma dose de reforço. Uma vez imunizada, a paciente permanece por volta de 6 meses sem a necessidade de novo tratamento, possibilitando assim durante esse período engravidar espontaneamente ou por métodos de fertilização caso seja necessário.  
É importante lembrar que todo casal deve passar por prévia consulta com médico especializado antes de qualquer tipo de tratamento. Só o médico é capaz de julgar a necessidade de exames complementares coadjuvantes bem como qual terapêutica será necessária para cada casal. 

Fonte: http://www.crossmatch.com.br/