quinta-feira, 31 de julho de 2014

Quando o resultado da FIV é negativo

"Morre um capim, nasce outro".
Quando fiz a minha primeira fertilização completa (na anterior o ciclo foi precocemente cancelado) eu não fazia muita ideia do que estava por vir. O médico me animava dizendo que por eu ser jovem minhas chances eram ótimas.
Próximo ao dia marcado para fazer o beta um discreto sangramento começou a surgir. O médico me tranquilizou explicando que nem todo sangramento era ruim, afinal, poderia ser nidação.
Porém, rapidamente ele foi aumentando. Colhi o exame de sangue aos prantos, pois minutos antes eu já tinha constatado o aumento do fluxo.
A tarde, do trabalho mesmo, deparei-me com o detestável negativo. Não conseguia mais trabalhar, pois as lágrimas me venciam.
Fui pra casa. Ainda tinha pela frente outra missão doloridíssima: dar a notícia ao meu marido. Além da tristeza que eu sabia que o abateria eu me sentia culpada, envergonhada e fracassada por não ter engravidado. Todos aqueles castelos de areia que construí sobre as formas que daria a feliz notícia do positivo a ele ruíram, zombando da minha tristeza.
Após muito chorar, resolvi ler um pouco pra relaxar. Peguei a biografia do meu amado Chico Xavier que comprara há pouco.
Eis que na primeira página, leio: "morre um capim, nasce outro". Nem preciso dizer o quanto mais chorei ao ler aquilo. Mas foi justamente o que me renovou as forças pra prosseguir.
Depois ainda enfrentei outros quatro negativos e um aborto. E a cada um deles me apeguei ao recado do grande Chico.
Hoje escrevo esse post com minha filha Maria Luisa, de seis meses, no meu colo. Ou seja: meu capinzinho nasceu!! Foram muitos lutos pra chegar até aqui. Pensei em desistir. Mas meu sonho maior de ter isso que tenho hoje apagava as mágoas e me renovava a fé.
Dedico esse texto a uma queridíssima amiga. Ela me concedeu a honra de acompanhar seu primeiro tratamento que, infelizmente hoje teve um desfecho negativo.
Nessas últimas duas semanas eu vi partes da minha história através da dela. E hoje o choro dela e do esposo dela também foi meu.
Amiga, não desista! As vezes a raiz do capim é mais funda do que imaginamos, por isso demora pra atingir a superfície. Mas a persistência, aliada a resignação, ao foco, a força e a fé nos levam ao que antes parecia ser impossível.
Creia: seu bebezonho virá. Basta esperar que, na hora de Deus, Ele irá enviar.
Se você que me lê também está passando por situação parecida, receba meu carinho.