domingo, 7 de setembro de 2014

Quando dá certo e nos tornamos mães: o outro lado da moeda


Hoje gostaria de falar aqui no blog algo pouco comentado entre nós tentantes. Engravidei, deu tudo certo, nasceu. E agora?
Sempre quis ser mãe, sofri muito pra atingir esse objetivo emocionalnente, fisicamente e financeiramente, blá, blá, blá. Isso não é novidade pra ninguém. Agora, o que é uma afronta pra mim e certamente para muitas outras por aí são comentários do tipo: vc não lutou tanto pra ter, agora agüenta!!!
Explicando: a Maria Luisa parou de tirar sonecas de dia com um mês e meio. Ela tb tem muita dificuldade pra dormir a noite. Já tentei inúmeros métodos, todos que alguém possa mencionar aqui, possivelmente experimentei. Além disso ela ama colo. Não pode me ver ou estar ao meu lado que só quer ficar grudada em mim. Detalhe: tem sete meses e pesa dez quilos. Minha coluna e meu joelho estão arrebentados.

Quando estava conseguindo fazê-la dormir a noite inteira, aos sete meses, precisei desmamar. Antes que alguém me critique isso não foi uma decisão minha, mas necessária por questões pessoais. Se já era difícil estabelecer uma rotina na vida da Maria Luisa sem os sonos diurnos, agora, então... Passo a noite tentando acalma-la. Ela não entende o motivo da insônia e do estresse e fica mais nervosa.

Felizmente ela não percebeu que tirei o peito pq os enfaixei para que não sentisse o cheiro do leite e ela aceita muito bem a mamadeira, apesar de detestar a chupeta. Estamos assim há uma semana. Some-se a isso o fato de eu ter que lidar com os efeitos colaterais do Dostinex, remédio que tomei pra secar o leite, os peitos empedrados, vazando, minha tristeza imensa em abandonar esse ato que tanto amei em desempenhar que é a amamentação (sem falar no tanto que acalma a minha filha) e as noites sem dormir.

Então, voltando ao tema original, antes de criticar uma mãe ou fazer uma Brincadeirinha irônica dizendo que ela quis o filho, lembre-se dessa rotina de uma mãe de bebê novinho ou de um bebê mais "demading" (exigente, como no meu caso):

Acordar, não escovar os dentes e, com sorte, fazer um xixi
Preparar mamadeira com tudo que já deixei organizado no quarto na noite anterior enquanto ela berra de fome
Por pra arrotar e trocar fralda
Por pra tomar sol
Levar pra sala e fazer malabarismos pra distrai-la enquanto lavo e esterelizo as mamadeiras sujas
Trocar de roupa, escovar dentes/ cabelo
Tentar tomar meu café enquanto dou fruta pra ela
Passear de carrinho
Responder emails, trocar fraldas, brincar
Dar almoço, trocar fralda
Almoçar
Mamadeira
Brincar
Trocar fralda
Dar fruta
Lavar e esterelizar mamadeiras
Tentar trabalhar um pouquinho
Trocar fralda
Dar o jantar

Preparar as mamadeiras da noite
Preparar o banho
Dar o banho
Mamadeira
Por pra dormir
Eu janto
Arrumo a bagunça do dia que deixei pra trás
Escrevo meus artigos (afinal, tenho que "trabalhar"!!! - pq preciso da grana, me manter no mercado e tb pq adoro demais a minha profissão e a satisfação que ela me traz. Escrever me revigora).
Coloco as roupinhas dela de molho no vanish
Faço carinho na Garota, minha cachorrinha
As vezes converso com meu marido, quando ele está em casa e não narrando jogo
Por fim, durmo até a hora em que ela chorar
Nos fins de semana faço as papinhas da semana e congelo

Mesmo assim: amo a minha filha e a minha vida. MAS: isso não me tira o direito de ficar cansada, esgotada, e de reclamar e desabafar, independentemente se eu engravidei de primeira ou se levei anos e muitos tratamentos para tal. Não é o fato do tanto que desejei a minha filha que agora precisa
aumentar o meu fardo e eu me tornar uma zumbi ambulante, aceitando tudo com normalidade.  Nós, mães de qualquer circunstância, merecemos respeito, AJUDA, e admiração.

Obs.: desculpem pelos erros de digitação, escrevi no bloco de notas do celular enquanto a Maria mamava no meu colo