Todos nós já
sabemos, mas não custa repetir: os tratamentos para infertilidade geram um
custo emocional igual ou até mesmo superior ao financeiro. E olha que as FIVs
custam beeeemmmm caro!
Então pode-se
imaginar o dano que essa situação pode causar. Infelizmente são poucas as
clínicas que dispõe de uma equipe multidisciplinar que conta com um atendimento
psicológico ao casal.
Confesso que
ainda não me aprofundei bem nas diretrizes da Sociedade Brasileira de
Reprodução Humana, mas acho que isso ainda não é mandatório. Posso afirmar de
antemão que o trabalho deles é muito sério e está em constante renovação, de
acordo com as observações práticas dos médicos. Faço votos que a partir de
comentários como esses nossos torne compulsório o acompanhamento psicológico de
todos os pacientes em tratamento.
A psicóloga Claudia
Rachewsky faz parte de uma dessas equipes. Ela trabalha no Centro de Reprodução
Humana Nilo Frantz (Porto Alegre e Novo Hamburgo, RS). Ela conversou conosco
sobre a importância de um acompanhamento especializado durante o tratamento da
infertilidade e também como o casal pode se beneficiar desta situação.
Claudia Rachewsky (CRP 07/1402)
Psicóloga do
Centro de Reprodução Humana Nilo Frantz (http://www.nilofrantz.com.br/)
Antes de iniciar o tratamento é
comum que o casal crie muita expectativa. Afinal, junta-se o sonho de ter o
bebê, todas as etapas do tratamento e o dinheiro investido. Como se preparar
para começar de forma mais sensata, conhecendo a realidade da situação -
considerando as chances de engravidar com a FIV?
É importante que
o casal fique a par das reais possibilidades de engravidar. A melhor maneira de
se preparar é escolher um especialista em quem confia. Durante as conversas iniciais
com o médico, é preciso deixar bem claro as chances de tratamento e não
desistir na primeira situação de frustração.
O paciente deve estar ciente de que o tratamento não é
"mágico" e que o processo é longo.
Quais perguntas que o casal deve
fazer ao médico no processo inicial sobre o tratamento como forma de construir
uma boa relação médico-paciente e ajudar a minimizar a angústia do que está por
vir - injeções, ultrassons, captação etc.?
O casal, em
geral, ou chega na clínica depois de ter feito uma peregrinação por outras
clínicas de reprodução e aí já estão a par de tudo e costumam ter bastante
conhecimento, ou chegam pela primeira vez, e aí, estão assustados, conhecem
pouco do assunto. O casal não deve ter vergonha de perguntar. Se não entendeu, diga
ao médico que não está entendendo. Não saia da consulta com dúvidas. Ao se certificar
de que escolheu um especialista correto, acredite nele. A relação
médico-paciente, é uma via de duas mãos. Mostre seus anseios, suas dúvidas.
Você não é a única a estar passando por este processo.
Neste tratamento temos diversas
batalhas a serem vencidas: conseguir um número satisfatório de óvulos com
qualidade, em seguida, embriões de qualidade, dois a três dias de angústia pelo
desenvolvimento deles, e, por fim, as duas semanas até o beta. Muitas mulheres
não fazem ideia de como realmente será esse processo, principalmente porque nem
todas as clínicas possuem uma equipe multidisciplinar com psicólogos. Qual é a
sua recomendação para o casal?
Minha
recomendação, é que o casal passe degrau por degrau. O tratamento para
infertilidade é composto por etapas, não tem como livrar a paciente de momentos
de ansiedade, mas proporcionar para a um espaço em que possa trazer suas
dúvidas, angustias e ansiedades. Os casais de infertilidade muitas vezes
sentem-se sozinhos, não tendo com quem compartilhar o assunto. Sugiro que a
clínica possa oferecer um serviço de apoio, ou, se necessário procure um
especialista para ajudar a passar este processo de maneira menos ansiogênica.
A maioria das nossas leitoras fica
naquele grande dilema: fazer ou não o exame de urina?! Algumas acabam fazendo,
cedo demais, e ao verem o negativo, se desesperam. Qual é o seu conselho para
elas?
Sugiro que faça
exatamente o que seu médico recomendar, pois a frustraçāo é grande e muitas
vezes a paciente acaba até deixando de usar um medicamento, quando ainda nāo
está totalmente descartada a possibilidade de um resultado positivo. O fato deste
processo ser tāo ansiogênico faz com que os casais acabem se precipitando.
Como o estresse gerado pela situação
pode ser grande, isso influencia a relação a dois?
Pode influenciar
sim, porque muitas vezes, aparecerão as cobranças e como homens e mulheres
reagem de forma diferente, acabam muitas vezes aparecendo os conflitos. Por outro lado, os casais também ficam mais unidos. Como o assunto
infertilidade ainda é tabu, os casais muitas vezes nāo contam para os amigos e
familiares sobre o que estāo vivendo e por conta disso, se unem mais, pois o
sofrimento é grande e os casais se apoiam.
E como fica o coração até o dia do
beta? O que você costuma dizer às suas pacientes nestes dias de espera? Afinal,
muitas já sentem-se até grávidas, mas podem se deparar com um resultado
negativo. Existe uma forma de preparar o coração?
Se o positivo chega, nem é preciso
comentar, mas e se temos um negativo, o mundo parece ruir sobre os nossos pés.
E agora, doutora?
Agora, teremos
que ajudar o paciente a elaborar este luto. É um momento difícil, onde as
expectativas, também serão frustradas. É preciso entender a dor do casal. O que
mais o casal precisa é de um espaço para que possam ser
escutados. Seria
muito bom se as clínicas de infertilidade pudessem contar com profissionais da
psicologia. Este casal precisa ser acolhido.
Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas.
ResponderExcluirFilipenses 4:6-8
Dani...
ResponderExcluirQuando buscamos assistência em outro Estado, por onde começar?
Dani...
ResponderExcluirQuando buscamos assistência em outro Estado, por onde começar?
Nossa é exatamente assim que nos sentimos, na hora de um negativo. Pior de tudo é não se sentir acolhida pela Clínica onde foi feita a Fiv. Me senti exatamente assim acho que todas as Clínicas deveriam agir desta forma. Adorei seu texto obrigada.
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