Minhas queridas Nina, Francy, e amigos leitores que acompanham o blog,
hoje eu tive que colocar essa frase clichê sobre como o dia precisaria ser mais longo, não teve jeito. Tenho trabalhado muito, o que me deixa feliz, pois sinto-me privilegiada por ter a oportunidade de fazer o que eu sempre amei como profissão: escrever.
Quando era criança e alguém perguntava o que eu queria ser quando crescesse, respondia escritora, pois eu simplesmente era uma devoradora de livros. Com o tempo, fui aprendendo que não era tão simples assim. Não existia uma faculdade que te formava no ofício de autor. Então, fui me identificando com o jornalismo e cá estou eu.
Tive a felicidade de encontrar um braço da profissão ainda pouco conhecido que é o jornalismo médico. Eu acompanho os bastidores do meio científico. Às vezes, fico sabendo de coisas que serão noticiadas antes mesmo do que a maioria dos médicos, como novos tratamentos e técnicas. É muito gratificante contribuir com a difusão de informações tão significativas.
Bem, contei tudo isso a vocês somente para justificar que já estou trabalhando nas sugestões que fizeram dos temas. Todos são muito valiosos e escreverei sobre cada um deles. Mas não quero simplesmente fazer um copy paste do Google. Desejo me aprofundar, e, se possível, entrevistar experts no assunto.
Tudo a seu tempo, inclusive, os nossos babies, certo?
Um ótimo fim de semana a todos.
Um beijo com carinho,
D.A.
Crédito da imagem: http://nuvemdeestrelas.blogspot.com.br/2011/11/assuntos-do-tempo.html
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Fertilização in vitro e risco de câncer - será?
D.A.
http://news.yahoo.com/study-says-ivf-does-not-increase-cancer-risk-000433328.html
Crédito da imagem: http://www.vocesabia.net/saude/cancer-de-mama-conscientizacao-e-prevencao/
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Um pouco sobre mim
Eu sempre soube que quando quisesse engravidar, teríamos que
nos submeter a um tratamento de reprodução assistida. Meu marido tem varicocele
bilateral avançada. Ele sempre foi muito resistente a cirurgia. Quando
fomos ao primeiro médico, ele disse que mesmo com a cirurgia, no caso dele, a
chance de melhora seria pequena e nós continuaríamos precisando do tratamento.
Como ele tinha medo de operar, resolvemos pular essa etapa e partir para a FIV.
Como chegamos lá
Sempre quis ser mãe. Quando eu era pequena, bastava a
criança ser menor que eu e o instinto maternal despertava. Eu já queria cuidar,
pegar no colo, ser a líder da turma. E quando via uma grávida, então, ficava
hipnotizada! A gestação sempre foi um mistério para mim. Até hoje fico
divagando sobre o milagre da criação de uma vida, o dia a dia do crescimento e
desenvolvimento do embrião, a conexão com a mãe, a formação de cada pedacinho,
até chegar ao formato do bebê que conhecemos ao nascimento.
Eu me emociono cada vez que penso sobre isso. Tenho sonhos
em que estou grávida, eu sinto a minha barriga durinha, me vejo barrigudona,
nossa, eu adoro quando isso acontece.
Acabei me envolvendo muito com o meu trabalho, viajava muito
e estava em uma fase muito legal. Resolvi curtir por um período e estava bem
assim. Mas de repente, senti que havia chegado o momento de dar uma
desacelerada. Em outubro de 2009, eu estava indo ao congresso mundial de
ginecologia, na África do Sul. Quando meu voo foi anunciado, fui rapidamente
tomar o anticoncepcional e na pressa o esqueci no balcão da cafeteria. Ao
chegar lá, até consegui comprar a mesma pílula, mas não lembrava o dia da
cartela em que estava e meu ciclo bagunçou.
Voltei ai Brasil, acho que inspirada por ter visto tantas
coisas no congresso de gineco, e conversei com meu marido. Resolvemos que eu
pararia a pílula para ver no que ia dar. Sabíamos que em decorrência da
varicocele eu dificilmente engravidaria naturalmente. Ficamos tentando até
fevereiro de 2010, quando finalmente fomos ao médico.
Meu marido já fazia acompanhamento da varicocele com ele então não foi tão demorado. Ele só pediu os meus exames e não encontrou nada
que impedisse o início do tratamento de fertilização in vitro.
Em março, lá estávamos nós. Eu estava tão confiante e
destemida!! O médico dizia: você é jovem, não tem nenhum fator nos exames que
aponta problemas. Suas chances são excelentes! Nossa, imaginem a minha
petulância e autoconfiança. Eu mal comecei as injeções e já me sentia grávida.
Pobre de mim, eu mal sabia o que estava por vir...
Começaram os ultrassons seriados. No quarto ou quinto, ouvi
uma das muitas notícias ruins do tratamento: meus folículos estavam crescendo
em quantidade, mas não em tamanho. Conclusão: ciclo cancelado!!! Como assim,
doutor????
Pois é, rios de dinheiro gastos em medicamentos para nada e
muita, mas muita frustração pra levar pra casa no lugar do bebê.
Nem preciso dizer o quão horrível foi. Éramos totalmente
inexperientes no assunto e solitários. Naquela época, ninguém sabia que
fazíamos tratamento. Não tínhamos ninguém para desabafar, a não ser nós mesmos.
Precisávamos arrumar forças para nos consolar.
Bem, sacudimos a poeira, fizemos uma breve viagem para
espairecer, voltei a tomar pílula para limpar os ovários, e partimos para mais
um tratamento em junho. Dessa vez, consegui ir para a primeira etapa, que era a
aspiração dos folículos. Quando acordo da anestesia, primeira pergunta: e então,
doutor, quantos óvulos eu tive (esperando ouvir 20, 25): 5. Nossa, que
brochada.... Ele explicou que ficou desapontado, pois para alguém da minha
idade, ele esperava mais. Aí começa mais um novo capítulo em nossa história,
quando descobrimos que sou má respondedora. Gente, quando eu pensava que não
poderia ficar pior, a coisa desandava de novo.
Claro que eu não engravidei. Nova reunião com o médico:
Doutor, o que podemos fazer para termos mais chances? Resposta: Cirurgia da varicocele
para tentar melhorar a qualidade dos espermatozoides. Se é isso que vai
melhorar, então bora lá operar!
Confesso pra vocês que se o médico me dissesse: coma
cocô que é cientificamente comprovado que você engravida. Eu comeria. Sei que é
escatológico escrever isso, mas é só para exemplificar o desespero de quem
passa por esses tratamentos infrutiferamente.
Voltando a minha trajetória. Em 2011 meu marido operou. No
fim deste ano, resolvemos mudar de ares. Fizemos novo tratamento com outro
médico. Novamente tive 4 óvulos, dos quais somente dois fecundaram. Gravidez
zero.
Em 2012, mudança de médico de novo. Dessa vez, surpresa!!!
Seis óvulos, cinco embriões. Pela primeira vez nos animamos. Transferi dois
embriões e congelei três. Eu nunca havia tido embriões para congelar antes.
Opa, ficamos animados. Dia do beta, e... Positivo!
Que sensação de alívio, de que tudo seria esquecido, que
tudo tinha valido à pena. Mas, peraí, quem disse que conosco as coisas são
fáceis? Primeiro veio o leve sangramento dois dias após o beta. Ufa, passou! No
ultrassom das 6 semanas, o dia mais emocionante da minha vida, em que ouvi um
coração do meu filho ritmado com o meu, batendo dentro de mim. Descobrimos que
eu tinha engravidado dos dois embriões, mas um não se desenvolveu logo no comecinho. Por isso
tive o sangramento naquele dia.
Vivi oito semanas de sonho. Eu acarinhava a minha barriga,
conversava com o meu filho, contava para ele o quanto nós havíamos esperado por
ele, o que nós planejávamos para a vida dele, o quanto ele era amado, e tudo
aquilo que os pais fazem com seus filhos. No dia do segundo ultrassom, passamos
no laboratório e fizemos a sexagem fetal. Afinal, esperamos tanto por esse bebê
que queríamos mais é saber o sexo para curti-lo. De lá, fomos para a clínica de
radiologia.
O médico posicionou o aparelho em minha barriga. Vi aquela
imagem linda do feijãozinho na tela. Mas o som era de vazio. Eu não ouvia o
coração como da primeira vez. Desespero total. Perguntei ao médico se havia
algo de errado e ele disse que provavelmente sim. Meu mundo caiu. Meu sonho
começou em 27 de agosto de 2012 e terminou em 2 de outubro de 2012. Simples
assim. Da mesma forma silenciosa que ele chegou, meu menininho, João Vitor, foi embora. Sem nem me avisar.
Eu sofri um aborto retido e nem percebi. Tive que fazer uma
curetagem, a maior agressão que meu corpo e a minha mente já sofreram. Um dia
eu conto.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Bebê de proveta - o pai da FIV
Era uma vez dois cientistas, Patrick Steptoe e Robert
Edward, que na década de 1970 ficaram conhecidos como malucos na Inglaterra,
pois estavam tentando "fabricar" bebês em laboratório. E eles
conseguiram. Tanto que em 25 de julho de 1978 nascia a primeira "bebê de
proveta" do mundo, Louise Brown. Essa garotinha, hoje com 35 anos, nem
imaginava que estava inaugurando uma técnica que mudaria o rumo da medicina e
iniciava a chamada reprodução assistida.
Inclusive,
anos depois, a Rede Globo transmitiu uma novela (polêmica para a época), Barriga de Aluguel, onde a médica, Dra.
Brown (o nome dela não é mera coincidência da arte imitando a vida) lançou mão
do útero de uma mulher para gerar o filho de outra, que possuía um problema uterino.
Mas isso já é assunto para outro post...
Voltando
à vaca fria, iniciava ali o embrião das técnicas de reprodução assistida
praticadas atualmente. O chamado "bebê de proveta" nada mais é do que
a fertilização in vitro, em que o
óvulo é fertilizado no laboratório.
Resolvi
iniciar com a descrição desta técnica, pois ela é a que deu vida a esta
especialidade que tanto nos interessa. Vamos a ela.
Fertilização
in vitro, ou, simplesmente, FIV
Quando condições médicas impedem que o espermatozoide
chegue até o óvulo, algumas técnicas podem auxiliar. Uma delas é a fertilização
in vitro (FIV). De uma forma resumida, os óvulos são retirados dos ovários,
inseminados no laboratório com o sêmen do parceiro ou de um doador, e quando
confirmada a fertilização, inseridos no útero, como embriões. Acompanhe o passo
a passo detalhadamente.
Indução da
ovulação
O médico irá prescrever medicamentos hormonais (na
maior parte das vezes, injeções aplicadas por você mesma) que estimularão o
crescimento de folículos em seu ovário. Quando atingirem o tamanho ideal (cerca
de 17mm), estes folículos serão aspirados. Dentro deles estão os óvulos.
Os medicamentos mais comumente utilizados são as
gonadotropinas - Menopur®, Bravelle®, Gonal®, Puregon®, dentre outros.
Quando os óvulos estiverem maduros, eles serão
aspirados por meio de um procedimento guiado por ultrassonografia. Não se
preocupe, você não sentirá ou verá nada, pois estará sedada. Durante o
procedimento, uma cânula bem fininha é inserida em sua vagina até chegar aos
ovários. Não é feito nenhum corte em seu abdômen. Os óvulos são aspirados por
meio desta cânula e entregues ao embriologista, que selecionará os maduros.
Neste meio tempo, seu parceiro já colheu o esperma (por masturbação) e ele também
foi entregue. Se você for utilizar o sêmen de um doador, ele também já estará
aguardando a chegada dos óvulos. Os riscos deste procedimento são mínimos,
embora você possa sentir cólicas nos dias seguintes a ele.
As
taxas de sucesso dependem de vários fatores, como a idade da mulher, a resposta
à estimulação ovariana, e a qualidade dos embriões. Os riscos incluem o
nascimento de múltiplos e a hiperestimulação ovariana. As chances de infecção
ou hemorragia são mínimas.
Fertilização
no laboratório
Uma vez que os óvulos foram entregues ao
embriologista, eles serão analisados sob alguns aspectos, como maturidade, e
então eles serão incubados. Nesse momento, o sêmen é analisado, tratado, e os
melhores espermatozoides são selecionados para a inseminação. Os espermas
selecionados são então colocados junto aos óvulos ou injetados neles utilizando
a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (técnica conhecida por ICSI).
São
necessárias aproximadamente 18 horas para determinar se a fertilização ocorreu
e de 24 a 72 horas para estabelecer se o embrião está se desenvolvendo. Durante
um processo de FIV bem sucedido, os oócitos e os embriões permanecerão no
laboratório por, aproximadamente, 2 a 5 dias.
Transferência
dos embriões
Alguns dias depois dos oócitos terem sido aspirados e
fertilizados no laboratório, a paciente volta à clínica para a transferência
dos embriões. Trata-se de um
procedimento simples e que não requer anestesia e nem jejum. No dia da
transferência, o médico irá discutir com o casal o número de embriões a serem
transferidos, assim como a qualidade, a graduação de cada um deles, e se haverá
embriões a serem congelados.
A
transferência é feita com um longo cateter contendo os embriões e uma pequena
quantidade de fluido. Você deve estar com a bexiga bem cheia para facilitar a
visualização do útero. O cateter é inserido através da vagina, passa pelo
cérvix e chega ao útero, onde os embriões são colocados. Todo o procedimento é
guiado pelo ultrassom.
A
transferência convencional do embrião geralmente ocorre três dias após a
aspiração, quando ele tem de 6 a 8 células. Mas, em alguns casos, ela pode
acontecer cinco dias após a aspiração, quando o embrião atingiu o estágio de
blastocisto (30 a 60 células). Essa decisão é avaliada individualmente pelo
médico.
Se
você tem um grande número de embriões de boa qualidade no dia 3, ele
possivelmente irá recomendar que você espera mais dois dias pelo blastocisto.
Durante esses dias adicionais, alguns embriões podem não progredir enquanto
outros continuarão seu desenvolvimento. Acredita-se que se os embriões são
capazes de sobreviver esses dois dias extras, eles também sobreviverão no útero
gerando a gravidez. Além disso, a cultura do blastocisto permite ao médico e ao
embriologista selecionarem os melhores embriões.
O
blastocisto também reduz a possibilidade de nascimentos múltiplos, uma vez que
opta-se por transferir menos embriões, já que as chances de gestação são
superiores do que a transferência no dia 3.
Após a
transferência
Feito o procedimento, recomenda-se que
você limite algumas atividades, como as sexuais, aeróbicas, carregar objetos
pesados. O importante é ter bom senso e manter-se mentalmente ocupada até o dia
do exame de gravidez. Em posts futuros falaremos sobre os que você poderá
sentir nesses dias e também sobre as emoções, que podem ficar em frangalhos
nesse período. Até a próxima!
Fontes:
- Bebê de
Proveta. Fertilização in Vitro (FIV). Disponível em:
<www.bebedeproveta.com.br/fertilizacao.htm>. Acessado em: 22 de fevereiro
de 2013.
- About the
in vitro fertilization (IVF) process. NY Fertility Center. Disponível em:
<http://www.nyufertilitycenter.org/ivf>. Acessado em: 22 de fevereiro de
2013.
- Indução
de ovulação para estimulação intrauterina. Disponível em:
<http://www.medicinareprodutiva.com.br/inducao-de-ovulacao-para-inseminacao-intra-uterina/>.
Acessado em: 22 de fevereiro de 2013.
- Crédito da imagem: http://elotroladodelbalon.blogspot.com.br/2011/01/bebe-probeta.html
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