Era uma vez dois cientistas, Patrick Steptoe e Robert
Edward, que na década de 1970 ficaram conhecidos como malucos na Inglaterra,
pois estavam tentando "fabricar" bebês em laboratório. E eles
conseguiram. Tanto que em 25 de julho de 1978 nascia a primeira "bebê de
proveta" do mundo, Louise Brown. Essa garotinha, hoje com 35 anos, nem
imaginava que estava inaugurando uma técnica que mudaria o rumo da medicina e
iniciava a chamada reprodução assistida.
Inclusive,
anos depois, a Rede Globo transmitiu uma novela (polêmica para a época), Barriga de Aluguel, onde a médica, Dra.
Brown (o nome dela não é mera coincidência da arte imitando a vida) lançou mão
do útero de uma mulher para gerar o filho de outra, que possuía um problema uterino.
Mas isso já é assunto para outro post...
Voltando
à vaca fria, iniciava ali o embrião das técnicas de reprodução assistida
praticadas atualmente. O chamado "bebê de proveta" nada mais é do que
a fertilização in vitro, em que o
óvulo é fertilizado no laboratório.
Resolvi
iniciar com a descrição desta técnica, pois ela é a que deu vida a esta
especialidade que tanto nos interessa. Vamos a ela.
Fertilização
in vitro, ou, simplesmente, FIV
Quando condições médicas impedem que o espermatozoide
chegue até o óvulo, algumas técnicas podem auxiliar. Uma delas é a fertilização
in vitro (FIV). De uma forma resumida, os óvulos são retirados dos ovários,
inseminados no laboratório com o sêmen do parceiro ou de um doador, e quando
confirmada a fertilização, inseridos no útero, como embriões. Acompanhe o passo
a passo detalhadamente.
Indução da
ovulação
O médico irá prescrever medicamentos hormonais (na
maior parte das vezes, injeções aplicadas por você mesma) que estimularão o
crescimento de folículos em seu ovário. Quando atingirem o tamanho ideal (cerca
de 17mm), estes folículos serão aspirados. Dentro deles estão os óvulos.
Os medicamentos mais comumente utilizados são as
gonadotropinas - Menopur®, Bravelle®, Gonal®, Puregon®, dentre outros.
Quando os óvulos estiverem maduros, eles serão
aspirados por meio de um procedimento guiado por ultrassonografia. Não se
preocupe, você não sentirá ou verá nada, pois estará sedada. Durante o
procedimento, uma cânula bem fininha é inserida em sua vagina até chegar aos
ovários. Não é feito nenhum corte em seu abdômen. Os óvulos são aspirados por
meio desta cânula e entregues ao embriologista, que selecionará os maduros.
Neste meio tempo, seu parceiro já colheu o esperma (por masturbação) e ele também
foi entregue. Se você for utilizar o sêmen de um doador, ele também já estará
aguardando a chegada dos óvulos. Os riscos deste procedimento são mínimos,
embora você possa sentir cólicas nos dias seguintes a ele.
As
taxas de sucesso dependem de vários fatores, como a idade da mulher, a resposta
à estimulação ovariana, e a qualidade dos embriões. Os riscos incluem o
nascimento de múltiplos e a hiperestimulação ovariana. As chances de infecção
ou hemorragia são mínimas.
Fertilização
no laboratório
Uma vez que os óvulos foram entregues ao
embriologista, eles serão analisados sob alguns aspectos, como maturidade, e
então eles serão incubados. Nesse momento, o sêmen é analisado, tratado, e os
melhores espermatozoides são selecionados para a inseminação. Os espermas
selecionados são então colocados junto aos óvulos ou injetados neles utilizando
a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (técnica conhecida por ICSI).
São
necessárias aproximadamente 18 horas para determinar se a fertilização ocorreu
e de 24 a 72 horas para estabelecer se o embrião está se desenvolvendo. Durante
um processo de FIV bem sucedido, os oócitos e os embriões permanecerão no
laboratório por, aproximadamente, 2 a 5 dias.
Transferência
dos embriões
Alguns dias depois dos oócitos terem sido aspirados e
fertilizados no laboratório, a paciente volta à clínica para a transferência
dos embriões. Trata-se de um
procedimento simples e que não requer anestesia e nem jejum. No dia da
transferência, o médico irá discutir com o casal o número de embriões a serem
transferidos, assim como a qualidade, a graduação de cada um deles, e se haverá
embriões a serem congelados.
A
transferência é feita com um longo cateter contendo os embriões e uma pequena
quantidade de fluido. Você deve estar com a bexiga bem cheia para facilitar a
visualização do útero. O cateter é inserido através da vagina, passa pelo
cérvix e chega ao útero, onde os embriões são colocados. Todo o procedimento é
guiado pelo ultrassom.
A
transferência convencional do embrião geralmente ocorre três dias após a
aspiração, quando ele tem de 6 a 8 células. Mas, em alguns casos, ela pode
acontecer cinco dias após a aspiração, quando o embrião atingiu o estágio de
blastocisto (30 a 60 células). Essa decisão é avaliada individualmente pelo
médico.
Se
você tem um grande número de embriões de boa qualidade no dia 3, ele
possivelmente irá recomendar que você espera mais dois dias pelo blastocisto.
Durante esses dias adicionais, alguns embriões podem não progredir enquanto
outros continuarão seu desenvolvimento. Acredita-se que se os embriões são
capazes de sobreviver esses dois dias extras, eles também sobreviverão no útero
gerando a gravidez. Além disso, a cultura do blastocisto permite ao médico e ao
embriologista selecionarem os melhores embriões.
O
blastocisto também reduz a possibilidade de nascimentos múltiplos, uma vez que
opta-se por transferir menos embriões, já que as chances de gestação são
superiores do que a transferência no dia 3.
Após a
transferência
Feito o procedimento, recomenda-se que
você limite algumas atividades, como as sexuais, aeróbicas, carregar objetos
pesados. O importante é ter bom senso e manter-se mentalmente ocupada até o dia
do exame de gravidez. Em posts futuros falaremos sobre os que você poderá
sentir nesses dias e também sobre as emoções, que podem ficar em frangalhos
nesse período. Até a próxima!
Fontes:
- Bebê de
Proveta. Fertilização in Vitro (FIV). Disponível em:
<www.bebedeproveta.com.br/fertilizacao.htm>. Acessado em: 22 de fevereiro
de 2013.
- About the
in vitro fertilization (IVF) process. NY Fertility Center. Disponível em:
<http://www.nyufertilitycenter.org/ivf>. Acessado em: 22 de fevereiro de
2013.
- Indução
de ovulação para estimulação intrauterina. Disponível em:
<http://www.medicinareprodutiva.com.br/inducao-de-ovulacao-para-inseminacao-intra-uterina/>.
Acessado em: 22 de fevereiro de 2013.
- Crédito da imagem: http://elotroladodelbalon.blogspot.com.br/2011/01/bebe-probeta.html
Descobri o que é blastocisto. Muito bom as informações!
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