terça-feira, 30 de julho de 2013

Gravidez em pacientes de fertilização in vitro com idade superior a 50, não traz mais riscos do que em mulheres mais jovens


É o que mostra estudo feito nos Estados Unidos com mulheres na pós-menopausa


O CFM (Conselho Federal de Medicina) divulgou no dia 16 de abril deste ano novas regras de reprodução assistida. Uma delas diz respeito à “idade máxima das candidatas à gestação de reprodução assistida é de 50 anos”. Limitando, assim, muitas mulheres do sonho de ser mãe. 

Porém, uma p
esquisa publicada no início de fevereiro de 2012, nos Estados Unidos, sobre gravidez em mulheres mais velhas, já lançava dúvidas sobre a crença de que quanto maior a idade da futura mãe, maior a probabilidade de riscos.

estudo  da Columbia University Medical Center, publicado no Jornal Americano de Perinatologia,  é o maior até agora sobre gravidez em mulheres desta idade e foi realizado com 101 pacientes na pós-menopausa que receberam  tratamento de fertilização in vitro e usaram  óvulos doados.  O resultado mostrou que a gravidez nesta faixa etária não apresentava mais riscos do que a de mulheres mais jovens, que conceberam com o mesmo método.

Foi constatado que mulheres com mais de 50 anos tinham a mesma probabilidade de desenvolver complicações como diabetes gestacional ou parto prematuro, como pacientes submetidas ao mesmo tratamento com idade inferior a 42 anos.  A única diferença entre as duas faixas etárias era a de que as mais velhas possuíam uma chance ligeiramente superior de desenvolver pressão arterial elevada.

Afinal uma mulher saudável e em boa forma física, grávida aos 50 e poucos anos, deve apresentar menos complicações e riscos que, por exemplo, uma gestação em pacientes mais jovens portadoras deHipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabete Mellitus (DMentre outros; assim como adolescentes de menos de 15 anos que não apresentam desenvolvimento físico, intelectual e emocional para ser mãe.

Um dos autores do estudo afirmou que mulheres mais velhas se saem muito bem no tratamento se estiverem saudáveis. Ele explicou que, enquanto a produção de óvulos, de fato, diminui com a idade, a capacidade de carregar uma criança concebida com óvulos doados mudará menos ao longo do tempo. Para ele, “o útero é um órgão muito diferente do que os ovários".

Os pesquisadores salientaram que as mulheres participantes da pesquisa tinham bom nível escolar e estavam bem financeiramente, o que lhes proporcionou condições de ter cuidados e, assim, manter a saúde física.
As mães de “primeira viagem” estão ficando mais velhas e isso é um fenômeno mundial.  Ao longo dos últimos dez anos, o número de mulheres acima de 45 anos a dar à luz, mais do que duplicou nos EUA. Aqui no Brasil o número também está em ascensão. Os obstetras argumentam que  muitas mulheres na casa dos 50, hoje, estão tão em forma e saudáveis quanto  mulheres dez ou 15 anos mais jovens. Assim, a taxa de sucesso para as mulheres engravidarem com idade superior a 40 usando óvulos doados é de cerca de 50%. 

Porém, é bom lembrar que não existe botox para o útero. Grande parte deste sucesso vem graças aos avanços da tecnologia e da medicina.  O congelamento de óvulos, por exemplo, permite às mulheres adiarem a maternidade por mais tempo.

Há muitos fatores que motivam uma mulher a buscar um filho nesta idade. Algumas, por já estarem tentando há alguns anos, outras pela vontade de atingir um status profissional, postergam o casamento ou a gravidez e, ainda, outras, mesmo já tendo filhos, mas com um novo relacionamento, desejam dessa união a chance de gerar um bebê. Soaria muito melhor se essa decisão fosse apenas um aconselhamento e não uma determinação, uma vez que uma mulher com boas condições físicas e emocionais mesmo com idade superior aos 50 anos tem o direito de conceber.
  
Assim, uma conduta médica “obrigada” pelo CFM, que não considera a peculiaridade de cada paciente ou casal, perde o sentido humanizado e individualizado dos tratamentos. Traz a idéia que são todos iguais como tubos de ensaio em laboratórios em que as reações químicas são previsíveis, idênticas, padronizadas, sem variações, detalhes ou nuances. O texto significa que não caberá ao médico escolher nada diferente do que está sendo proposto. E as pacientes?


*Dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi é diretor do Centro de reprodução humana do IPGO, ginecologista-obstetra especialista em medicina reprodutiva, trilha sua carreira auxiliando casais na busca por um filho e durante toda a gestação. Membro-titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Laparoscópica, da European Society of Human Reproductive Medicine. Formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa casa de São Paulo e pós-graduado pela AAGL, Ilinos, EUA em Advance Laparoscopic Surgery. O especialista além de autor de diversos livros na área médica como Fertilidade Natural, Grávida Feliz, Obstetra Feliz, Fertilização um ato de amor, e Os Tratamentos de Fertilização e As Religiões, Fertilidade e Alimentação, todos pela Editora LaVida Press e Manual da Gestante, pela Editora Madras. Criou também os sites: www.ipgo.com.brwww.fertilidadedohomem.com.br;www.fertilidadenatural.com.br, onde esclarece dúvidas e passa informações sobre a saúde feminina, especialmente sobre infertilidade. Apresenta seu trabalho em congressos no exterior, o que confere a ele um reconhecimento internacional.

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