sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Bebê de proveta - o pai da FIV


Era uma vez dois cientistas, Patrick Steptoe e Robert Edward, que na década de 1970 ficaram conhecidos como malucos na Inglaterra, pois estavam tentando "fabricar" bebês em laboratório. E eles conseguiram. Tanto que em 25 de julho de 1978 nascia a primeira "bebê de proveta" do mundo, Louise Brown. Essa garotinha, hoje com 35 anos, nem imaginava que estava inaugurando uma técnica que mudaria o rumo da medicina e iniciava a chamada reprodução assistida.

Inclusive, anos depois, a Rede Globo transmitiu uma novela (polêmica para a época), Barriga de Aluguel, onde a médica, Dra. Brown (o nome dela não é mera coincidência da arte imitando a vida) lançou mão do útero de uma mulher para gerar o filho de outra, que possuía um problema uterino. Mas isso já é assunto para outro post...

Voltando à vaca fria, iniciava ali o embrião das técnicas de reprodução assistida praticadas atualmente. O chamado "bebê de proveta" nada mais é do que a fertilização in vitro, em que o óvulo é fertilizado no laboratório.

Resolvi iniciar com a descrição desta técnica, pois ela é a que deu vida a esta especialidade que tanto nos interessa. Vamos a ela.

Fertilização in vitro, ou, simplesmente, FIV

Quando condições médicas impedem que o espermatozoide chegue até o óvulo, algumas técnicas podem auxiliar. Uma delas é a fertilização in vitro (FIV). De uma forma resumida, os óvulos são retirados dos ovários, inseminados no laboratório com o sêmen do parceiro ou de um doador, e quando confirmada a fertilização, inseridos no útero, como embriões. Acompanhe o passo a passo detalhadamente.

Indução da ovulação
O médico irá prescrever medicamentos hormonais (na maior parte das vezes, injeções aplicadas por você mesma) que estimularão o crescimento de folículos em seu ovário. Quando atingirem o tamanho ideal (cerca de 17mm), estes folículos serão aspirados. Dentro deles estão os óvulos.
Os medicamentos mais comumente utilizados são as gonadotropinas - Menopur®, Bravelle®, Gonal®, Puregon®, dentre outros.

 Aspiração dos folículos
Quando os óvulos estiverem maduros, eles serão aspirados por meio de um procedimento guiado por ultrassonografia. Não se preocupe, você não sentirá ou verá nada, pois estará sedada. Durante o procedimento, uma cânula bem fininha é inserida em sua vagina até chegar aos ovários. Não é feito nenhum corte em seu abdômen. Os óvulos são aspirados por meio desta cânula e entregues ao embriologista, que selecionará os maduros. Neste meio tempo, seu parceiro já colheu o esperma (por masturbação) e ele também foi entregue. Se você for utilizar o sêmen de um doador, ele também já estará aguardando a chegada dos óvulos. Os riscos deste procedimento são mínimos, embora você possa sentir cólicas nos dias seguintes a ele.

As taxas de sucesso dependem de vários fatores, como a idade da mulher, a resposta à estimulação ovariana, e a qualidade dos embriões. Os riscos incluem o nascimento de múltiplos e a hiperestimulação ovariana. As chances de infecção ou hemorragia são mínimas.

Fertilização no laboratório
Uma vez que os óvulos foram entregues ao embriologista, eles serão analisados sob alguns aspectos, como maturidade, e então eles serão incubados. Nesse momento, o sêmen é analisado, tratado, e os melhores espermatozoides são selecionados para a inseminação. Os espermas selecionados são então colocados junto aos óvulos ou injetados neles utilizando a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (técnica conhecida por ICSI).

São necessárias aproximadamente 18 horas para determinar se a fertilização ocorreu e de 24 a 72 horas para estabelecer se o embrião está se desenvolvendo. Durante um processo de FIV bem sucedido, os oócitos e os embriões permanecerão no laboratório por, aproximadamente, 2 a 5 dias.

Transferência dos embriões
Alguns dias depois dos oócitos terem sido aspirados e fertilizados no laboratório, a paciente volta à clínica para a transferência dos embriões.     Trata-se de um procedimento simples e que não requer anestesia e nem jejum. No dia da transferência, o médico irá discutir com o casal o número de embriões a serem transferidos, assim como a qualidade, a graduação de cada um deles, e se haverá embriões a serem congelados.

A transferência é feita com um longo cateter contendo os embriões e uma pequena quantidade de fluido. Você deve estar com a bexiga bem cheia para facilitar a visualização do útero. O cateter é inserido através da vagina, passa pelo cérvix e chega ao útero, onde os embriões são colocados. Todo o procedimento é guiado pelo ultrassom.

A transferência convencional do embrião geralmente ocorre três dias após a aspiração, quando ele tem de 6 a 8 células. Mas, em alguns casos, ela pode acontecer cinco dias após a aspiração, quando o embrião atingiu o estágio de blastocisto (30 a 60 células). Essa decisão é avaliada individualmente pelo médico.

Se você tem um grande número de embriões de boa qualidade no dia 3, ele possivelmente irá recomendar que você espera mais dois dias pelo blastocisto. Durante esses dias adicionais, alguns embriões podem não progredir enquanto outros continuarão seu desenvolvimento. Acredita-se que se os embriões são capazes de sobreviver esses dois dias extras, eles também sobreviverão no útero gerando a gravidez. Além disso, a cultura do blastocisto permite ao médico e ao embriologista selecionarem os melhores embriões.

O blastocisto também reduz a possibilidade de nascimentos múltiplos, uma vez que opta-se por transferir menos embriões, já que as chances de gestação são superiores do que a transferência no dia 3.

Após a transferência
Feito o procedimento, recomenda-se que você limite algumas atividades, como as sexuais, aeróbicas, carregar objetos pesados. O importante é ter bom senso e manter-se mentalmente ocupada até o dia do exame de gravidez. Em posts futuros falaremos sobre os que você poderá sentir nesses dias e também sobre as emoções, que podem ficar em frangalhos nesse período. Até a próxima!

Fontes:
- Bebê de Proveta. Fertilização in Vitro (FIV). Disponível em: <www.bebedeproveta.com.br/fertilizacao.htm>. Acessado em: 22 de fevereiro de 2013.
- About the in vitro fertilization (IVF) process. NY Fertility Center. Disponível em: <http://www.nyufertilitycenter.org/ivf>. Acessado em: 22 de fevereiro de 2013.
- Indução de ovulação para estimulação intrauterina. Disponível em: <http://www.medicinareprodutiva.com.br/inducao-de-ovulacao-para-inseminacao-intra-uterina/>. Acessado em: 22 de fevereiro de 2013.
- Crédito da imagem: http://elotroladodelbalon.blogspot.com.br/2011/01/bebe-probeta.html

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