sexta-feira, 7 de junho de 2013

Vacina produzida com os linfócitos paternos




Quando a informação imunológica de um casal é diferente, o organismo da mulher reconhece o feto como um corpo estranho, mas, logo depois, passa a produzir os anticorpos bloqueadores que evitam o aborto espontâneo. Mas nem todos os casos são assim. Algumas vezes é preciso adotar outros recursos para que o organismo receba o embrião sem rejeição. O Dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi, Diretor clínico do IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetricia), explica.

O que é a vacina produzida com os linfócitos paternos e em quais casos está indicada?
Primeiramente é preciso explicar que quando o embrião chega ao útero da mãe ele traz o DNA materno e o DNA paterno. O DNA do pai poderia ser entendido pelo organismo da mãe como um corpo estranho, fazendo com que ele o rejeitasse.
Normalmente as mulheres criam um novo anticorpo que é um antídoto para proteger o embrião contra a rejeição. Quando esse anticorpo protetor não se forma a mãe rejeita o embrião, impedindo a sua implantação ou ocasionando um aborto posteriormente.
Nesses casos, se faz uma vacina ILP (imunização com linfócitos) com o sangue paterno para que o organismo da mãe forme esse anticorpo protetor antes do embrião chegar.
Para se compreender melhor, é como se você chamasse a polícia antes do ladrão chegar.

Há controvérsias sobre essa vacina? 
Existem algumas controvérsias sobre a validade vacina, pois as mulheres que nunca engravidaram não tem esse anticorpo. Daí surge a questão: será que vale a pena fazer essa vacina? Não existem estudos que comprovem a sua eficácia, embora em casos especiais ela pode ser utilizada.

É possível saber antes se a mulher terá essa rejeição? Ou ela precisa passar por todo o processo, sofrer as falhas de implantação e abortos recorrentes?
Se você fizer o exame cross-match* ele certamente vai dar negativo se a mulher ainda não tiver engravidado, portanto, não é possível concluir se a mulher terá os anticorpos ou não. Somente na prática.

Se o cross-match for feito após um aborto, daí ele teria um resultado confiável? 
Se ela tiver abortos recorrentes sim. Um cross-match negativo representa a ausência de anticorpos protetores.

Então o diagnóstico é esse: clínico, pelo histórico do casal, e exames seria somente o cross-match após aborto?
Sim, após abortos e falhas de implantação em caso de tratamentos de reprodução assistida.

O uso da vacina está bem fundamentado?
Não, se não esse uso já seria mais consolidado. O tratamento também pode ser feito com a imunoglobulina. Ela é um soro que contém anticorpos de outras pacientes que carregam os anticorpos protetores. É um preparado especial injetado na mulher pouco antes da transferência dos embriões para que ela tenha os anticorpos protetores.

Essa imunoglobulina é manipulada?
Não, ela é vendida pronta e seu custo financeiro é alto. Uma dose (calculada por peso, 200mg/kg) custa, em média de R$3.500 a R$4.000. Depois que a mulher engravidar ela vai tomar mais duas ou três doses.

Existe alguma evidência de que os filhos de mulheres tratadas com a imunoglobulina ou com a vacina possam apresentar problemas?
Não, até hoje não se comprovou nada. 

*Sobre o cross-match:
A avaliação da presença dos anticorpos protetores é feita com um exame denominado Cross-Match, que pesquisa a existência de anticorpos contra linfócitos paternos no sangue da mãe. Existem diferentes métodos para a detecção desses anticorpos no soro materno, tais como a microlinfocitotoxicidade e a Citometria de Fluxo Quantitativa, sendo somente o último indicado para a avaliação na área de reprodução, principalmente por ser mais sensível e apresentar menos variância entre resultados da mesma amostra. Os resultados dos exames de Cross-Match são usados para indicar o tratamento e para monitorizar a resposta materna à aplicação das vacinas (ILP).
Concluímos que 3 aplicações de ILP com intervalos médios de 3 semanas são suficientes para sensibilizar a grande maioria das pacientes, e em torno de 30% dos casos necessitam de mais uma dose de reforço. Uma vez imunizada, a paciente permanece por volta de 6 meses sem a necessidade de novo tratamento, possibilitando assim durante esse período engravidar espontaneamente ou por métodos de fertilização caso seja necessário.  
É importante lembrar que todo casal deve passar por prévia consulta com médico especializado antes de qualquer tipo de tratamento. Só o médico é capaz de julgar a necessidade de exames complementares coadjuvantes bem como qual terapêutica será necessária para cada casal. 

Fonte: http://www.crossmatch.com.br/

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