segunda-feira, 15 de julho de 2013

Estudo americano mostra que cortar carboidratos pode aumentar a chance de concepção e nascimento durante tratamento de FIV


Estudo apresentado dia 06 de maio deste ano, durante o 61º Encontro Clínico Anual do Congresso Americano de Obstetras e Ginecologistas, mostrou que mulheres que reduziram a ingestão de carboidratos e aumentaram a ingestão de proteína, durante tratamento de fertilização in vitro, aumentaram significativamente a chance de concepção e nascimento de uma menina.  

O pesquisador Jeffrey Russell, do Instituto de Medicina Reprodutiva Delaware em Newark foi quem apresentou os resultados. Segundo ele, dietas de carboidratos-carregados criam um ambiente oócito hostil mesmo antes da concepção ou implantação.

Ele comentou que óvulos e embriões não estarão bem em um ambiente de alta glicose. Ao reduzir carboidratos e aumentar proteínas, a mulher estaria banhando seu óvulo de forma saudável, com suplementos nutritivos.

O estudo surgiu após o médico perceber a má qualidade dos embriões de mulheres jovens e saudáveis que conheceu por meio de seu programa de fertilização in vitro. Ele admitiu que não sabia descobrir o porquê, já que elas não estavam acima do peso nem eram diabéticas.

O estudo contou 120 mulheres com 36 e 37 anos de idade e que completaram um registro alimentar de três dias. Para algumas, a dieta diária foi de 60% a 70% de hidratos de carbono. Elas comeram mingau de aveia no café da manhã, um pão no almoço e macarrão para o jantar, e nenhuma proteína.

As pacientes foram classificadas em dois grupos: aquelas cuja dieta média foi mais do que 25% de proteína e aquelas cuja dieta média era inferior a 25% de proteína. Não houve diferença no índice de massa corporal médio entre os dois grupos.

Houve diferenças significativas em resposta à fertilização in vitro entre os dois grupos. O desenvolvimento de blastocisto foi maior no grupo de alta proteína do que no grupo de baixa proteína (64% vs 33,8%), assim como as taxas de gravidez clínica (66,6% vs 31,9%) e taxas de nascidos vivos (58,3% vs 11,3%).

Quando a ingestão de proteína era superior a 25% da dieta e a de hidratos de carbono inferior a 40%, a taxa de gravidez clínica subia para 80%. Dr. Russell agora aconselha todas pacientes de fertilização in vitropara reduzir a ingestão de carboidratos e aumentar a ingestão de proteínas.

O médico, porém,  frisou que não há restrição calórica e que este não é um programa de perda de peso, é um programa nutricional, enfatizando que não é sobre perder peso para engravidar, mas sobre alimentação saudável para engravidar.

Já outro estudo, apresentado durante encontro de 2012 na Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), mostrou que pacientes de fertilização in vitro que mudaram para uma dieta de alta proteína e baixo carboidrato e depois passaram por outro ciclo, tiveram aumentadas suas taxas de formação de blastocisto de 19% para 45% e sua taxa de gravidez clínica de 17% para 83%.

Mesmo pacientes não-FIV com síndrome do ovário policístico têm melhorado as taxas de gravidez depois de fazer esta mudança de estilo de vida, observaram os pesquisadores.

Drª Amanda Alvarez, ginecologista que faz parte da equipe da área de Reprodução Humana do IPGO e que estece presente no 61º Encontro Clínico Anual do Congresso Americano de Obstetras e Ginecologistas comenta: “Os médicos concordaram que estudos como esses demonstram quão pouco se sabe sobre o efeito de micronutrientes nas dietas sobre diversos aspectos da reprodução. Eles afirmam que os resultados mostram um campo aberto para pesquisas futuras e criam perguntas como se, por exemplo, é o carboidrato em geral ou os efeitos inflamatórios de glúten em carboidratos em grão que são prejudiciais para os resultados de fertilização in vitro”.

Primeira Obra Nacional
Como mostra o estudo acima, a alimentação, aquilo que comemos todos os dias, pode ser um detalhe que, a princípio, tem pouca importância, mas pode estar diretamente relacionada ao sucesso de uma gestação.

“Fertilidade e Alimentação” (2012) pode ser considerado o primeiro livro brasileiro que trata deste tema e foi escrito com rigor científico e base na experiência clínica do Centro de Reprodução Humana do IPGO. Escrita por Dr. Arnaldo Cambiaghi, com a colaboração da nutricionista Débora de Sousa Rosa, a obra demonstra a influência dos alimentos não só na fertilidade, propriamente dita, mas também em sua ausência, além de doenças.
Por exemplo, nos capítulos são abordados temas como: a dieta mediterrânea; padrão alimentar ideal; alimentos que devem ser priorizados e evitados e comendo fora de casa, por exemplo. Além de dicas de alimentação durante a gravidez.
Também são demonstrados os exames fundamentais para se avaliar a fertilidade, assim como os principais tratamentos e orientações de como preservá-la e se preparar para uma gravidez sadia, além de receitas e dicas com os alimentos mais indicados. “Livros com temas similares geralmente são traduções que nem sempre se adaptam ao cardápio da nossa cultura, tão rica graças à miscigenação de vários povos”, afirma Arnaldo Cambiaghi.
 “E não é só isso. Mulheres que sofrem com algumas doenças também podem melhorar ou agravar a situação, dependendo do que colocarem em seus pratos”, alerta Drª Amanda Alvarez.
Aquelas com endometriose encontram no livro dicas com uma terapia nutricional e conhecem substâncias que estão presentes em alimentos que podem até agravar a dor que sentem. Já quem tem a SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos) também se informam sobre os aspectos nutricionais e conhecem quais alimentos não podem faltar em suas dietas.
“Outro assunto delicado é o abortamento. Em um dos capítulos do livro o tema é colocado em destaque e questões como obesidade e baixo peso são levantados. Além disso, um texto já apontava como a deficiência de micronutrientes está associada a resultados gestacionais negativos e como compensar esta falha”, encerra Cambiaghi.  

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Notícia veiculada pela grande imprensa sobre custos de uma fertilização in vitro cair para apenas 570 reais é equivocada


Divulgação não levou em conta todas as fases do tratamento, mas apenas uma, a que diz respeito à cultura dos embriões

Matéria divulgada pela mídia esta semana informa que novas tecnologias levariam a uma redução nos custos da fertilização in vitro (FIV), que poderia chegar a apenas 570 reais. Considerando que cada vez mais casais necessitam deste procedimento para realizar o sonho de serem pais, mas devido aos altos custos, em torno de 15.000 reais, este procedimento não é acessível à grande parte das pessoas, a notícia foi recebida com muito entusiasmo.
Realmente, muitos esforços vêm sendo empreendidos no intuito de baratear os custos do tratamento, entretanto, as informações foram divulgadas, infelizmente, de forma equivocada.
Esta informação se refere a um estudo, realizado na Bélgica, e apresentado esta semana durante o congresso da European Society of Human Reproduction and Embryoly (ESHRE), em Londres.
O que os pesquisadores belgas apresentaram foram novas técnicas, mais baratas, de cultura dos embriões – First preganancies with a simplified IVF procedure: a crucial step to universal and accessible infertility care. No método convencional, os mesmos ficam pelo menos três dias em cultura, em incubadoras modernas com gás dióxido de carbono para controlar níveis de acidez.
Em vez disso, a equipe do Genk Institute for Fertility Technology obteve dióxido de carbono a partir da mistura de ácido cítrico e bicarbonato de sódio, necessitando menor aparelhagem  e tornando, assim, o procedimento muito mais barato. Entretanto, a cultura dos embriões é somente um dos passos do ciclo de FIV.
Para se realizar essa técnica, a mulher recebe, inicialmente, injeções de hormônios, com o objetivo de desenvolver em seus ovários, folículos com óvulos. Durante esta fase, faz-se um acompanhamento ultrassonográfico e laboratorial (dosagens hormonais) até o momento mais adequado para a coleta, que é feita por meio de uma agulha especial, guiada por ultrassom transvaginal e sob sedação. Os óvulos aspirados são encaminhados ao laboratório, no qual são fertilizados com os espermatozoides do parceiro. A técnica nova não modifica esses passos e nem seus custos até aqui.

Confirmada  a fertilização, os embriões formados são mantidos em uma incubadora em um ambiente que simula as condições de temperatura, oxigênio e nutrientes do trato genital feminino. Com o novo método, essa fase é bem mais barata e necessita de menos aparelhos. Após alguns dias acompanhando o crescimento dos embriões, estes são transferidos ao útero da mãe para que complete seu desenvolvimento.

O novo método apresentado não modifica os outros passos do ciclo de fertilização. Assim, mesmo reduzindo-se os custos do laboratório, não se alteram os custos com medicação, acompanhamento, coleta de óvulos e transferência. Portanto, o tratamento não será de 570 reais como divulgado.

“É preciso cautela ao se divulgar isso, pois a diferença no tratamento, com esta novidade, seria em torno de 2 a 3 mil reais, referentes a algumas fases laboratoriais. E esta economia, infelizmente, pode não ter resultados no final”, afirma Arnaldo Cambiaghi, diretor do IPGO.

Rogério Leão, ginecologista obstetra especialista em reprodução humana e cirurgia endoscópica e membro do corpo clínico do IPGO lembra que além disso, os resultados ainda são prematuros e experimentais, não aplicáveis à prática clínica. No estudo, os testes foram realizados somente com pacientes jovens, sem fator masculino grave e com boa quantidade de óvulos coletados (pelo menos 8). Casos com alteração do sêmen, por exemplo, muitas vezes necessitam uma técnica especial para fertilizar os embriões, chamada ICSI (Intracytoplasmatic sperm injection - injeção intracitoplasmática de espermatozoide).

“Na FIV clássica, os óvulos são colocados junto dos espermatozóides e a fertilização ocorrerá espontaneamente. Na ICSI, os óvulos são fertilizados injetando-se um espermatozoide em cada óvulo. Isso não é possível com o novo método proposto”, diz Leão. 

Cambiaghi aponta que, no estudo, a taxa de sucesso ficou cerca de 30% abaixo da FIV convencional, que hoje gira em torno de 50%. “Apesar disso tudo, para alguns casos, poderá ser uma forma de reduzir os custos do procedimento. Assim, não podemos nos iludir com os dados apresentados, mas
aumenta a esperança de que, no futuro, a FIV seja um tratamento acessível a todos”, diz o diretor do IPGO.

Fonte: Assessoria de comunicação do IPGO

terça-feira, 25 de junho de 2013

Argentina aprova lei de fertilização assistida que inclui casais gays





A Câmara de Deputados da Argentina aprovou nesta quarta-feira por esmagadora maioria a lei de fertilização assistida, que garante a casais hetero e homossexuais o acesso universal a procedimentos e técnicas de reprodução. A norma foi aprovada por ampla maioria de 203 votos a favor, um contra e 10 abstenções. 

Maria Elena Chieno, titular da comissão de Saúde da Câmara de Deputados, disse que a lei beneficiará as famílias que durante anos tiveram que "hipotecar suas casas ou vender seus bens para poder ter um filho". 

Após a sanção da lei, será garantido o acesso a toda pessoa maior de idade, qualquer que seja sua orientação sexual, às técnicas de reprodução médica e baixa e alta complexidade. Estas técnicas estarão compreendidas no Programa Médico Obrigatório (PMO) e nos serviços básicos que as seguradoras sociais sindicais e de medicina privada devem cobrir. 

A iniciativa também contempla os casos de menores de 18 anos com problemas de saúde que possam ter comprometida sua capacidade de procriar no futuro e autoriza o congelamento de seus gametas ou tecidos reprodutivos. 

O projeto, votado em comissão após dois anos de atraso no Congresso, foi impulsionado pela organização não governamental 'Sumate a dar vida', que recolheu 280.500 assinaturas para reivindicar o tratamento. 

"Esta lei continua reivindicando a Argentina como o país que mais respeita a diversidade na América Latina", disse César Cigliutti, presidente da Comunidade Homossexual Argentina (CHA). Foi esta entidade que solicitou ao Congresso que não discriminasse os casais por sua orientação sexual. "É uma linda possibilidade que nossos casais têm para formar a família que quiserem", afirmou Cigliutti, em comunicado. 

A Argentina já tinha aprovado, em julho de 2010, a lei do casamento entre homossexuais e nos dois primeiros anos de sua vigência, 6.000 casais se casaram no país, segundo a Federação Argentina de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (FALGBT). 

No ano passado também foi aprovada uma lei de identidade de gênero que autoriza travestis e transexuais a cadastrar seus dados com o sexo escolhido. 

O senador governista Daniel Filmus, impulsionador da lei de Fertilização Assistida na Câmara alta, disse que se trata de um "projeto que avança porque não exige constância de infertilidade ou estar em um casal, não discrimina por gênero ou idade e inclui técnicas de alta complexidade". 

"Atualmente, entre 10% e 15% dos casais na Argentina não têm acesso a estes métodos por não contar com os recursos econômicos necessários para isto", afirmou no debate a deputada oposicionista Virginia Linares, da Frente Ampla Progressista (FAP, socialismo e centro esquerda). 

À nova lei, que inclui os tratamentos feitos com assistência médica para conseguir uma concepção, poderão ser agregados novos procedimentos, segundo avanços científicos que forem autorizados pelo Ministério da Saúde. 

Entre as mudanças introduzidas pelo Senado no texto original, antes de aprová-lo em abril, está a possibilidade de que o Ministério da Saúde tenha a faculdade de capacitar os profissionais e a inclusão de um orçamento para fazer campanhas de promoção sobre a nova legislação. 

Fonte: Terra / AFP

Turquia, destino preferido para o "turismo da fertilidade"

A Turquia se transformou no destino favorito dos casais do Oriente Médio, da Europa Oriental e inclusive dos Estados Unidos, que necessitam da técnica de fecundação in vitro para poderem ter filhos. 

O segredo do sucesso: uma tecnologia de ponta comparável a dos melhores centros europeus e norte-americanos, mas com preços até cinco vezes menores e um ambiente acolhedor. 

"Faz cinco anos que meu marido e eu queremos ter filhos e, embora sejamos férteis, só podemos consegui-lo através da fecundação assistida, um tratamento que nos Estados Unidos custa US$ 16 mil para uma única tentativa", explicou à Agência Efe Sarah Flores Sievers, diretora de um programa de saúde pública em Santa Fé, capital do Novo México. 

"Ficamos diante de um dilema: pagar a hipoteca e as contas ou ter um bebê?", disse Sarah. 

Segundo Fletcher Sievers, marido de Sarah, algo tão simples como a injeção vaginal de esperma custa entre US$ 2,5 mil e US$ 3 mil nos EUA. 

Por este mesmo preço, um paciente na Turquia tem acesso às tecnologias mais avançadas de fecundação in vitro, com taxas de sucesso elevadas, entre 50% e 55%, afirmou Bülent Tiras, médico-chefe da unidade de tratamentos de fertilidade no hospital Acibadem de Istambul. 

A maioria de seus pacientes é formada por turcos, mas Tiras estima que entre 10% e 15% sejam estrangeiros, a maioria da Europa oriental e dos Bálcãs, onde a tecnologia está menos desenvolvida, além dos países árabes e da Ásia Central. 

Mas também há casais da Europa ocidental e cada vez mais americanos, disse Burcu Dagistanli, especialista de Serviços Internacionais no hospital Anadolu de Istambul, o centro escolhido por Sarah e Fletcher Sievers. 

"A Turquia ainda gera alguma desconfiança principalmente nos Estados Unidos, pois é um país islâmico, às vezes as pessoas têm medo, me perguntam sobre terrorismo. Mas uma vez que chegam aqui, não se arrependem, ficam muito à vontade", contou Dagistanli. 

O hospital não faz publicidade no exterior, mas as notícias são divulgadas rapidamente entre os casais que buscam meios para realizarem seu desejo de maternidade e após o sucesso de uma gravidez o boca a boca é a melhor publicidade, garantiu. 

Sarah procurou bastante na internet antes de descobrir Istambul, confessou. "Entrei em contato com centros na Tailândia, Índia, México, Espanha, República Tcheca e finalmente Turquia. Ao ver os preços, nos demos conta de que, incluindo as passagens de avião, remédios e tratamentos, poderíamos vir três vezes aqui pelo preço de uma única tentativa nos Estados Unidos", resumiu. 

Os preços quase não variam entre os diferentes hospitais consultados: ficam em torno dos US$ 2,5 mil. Além disso, devem ser acrescentados os remédios que, dependendo de cada mulher, podem oscilar entre US$ 700 e US$ 1,8 mil. No total, o preço da esperança não supera os US$ 4 mil. 

Ao contrário do que ocorre em alguns países europeus, como a Itália, a legislação turca não impõe barreiras para a fertilização in vitro, segundo Bülent Tiras. Existe apenas uma condição: o casal deve ser casado. 

Uma norma um tanto incoerente, segundo o médico turco Hakan Kozinoglu especialista em tratamentos de fertilidade, já que nenhuma lei impede a concepção de filhos, nem penaliza o adultério. 

Segundo o especialista, o requisito do certificado de casamento impede que as mulheres solteiras tenham acesso a este tratamento e descarta, além disso, as doações de esperma. 

Os serviços de bebês de proveta costumam estar sempre com fila cheia, assegurou Dagistanli, cujo departamento foi criado para atender pacientes estrangeiros e esclarecer dúvidas. 

"O tratamento exige muito atendimento psicológico e começa antes de chegarem ao hospital: a mulher deve tomar a pílula e fazer alguns exames para chegar ao hospital no momento certo e, durante este tempo de preparação, mantemos sempre o contato", afirmou o especialista. 

O Anadolu inclusive oferece aos pacientes uma residência no jardim do próprio centro para as duas semanas do processo. Entretanto, Sarah e Fletcher preferiram procurar um apartamento por conta própria, para conhecer a cidade. 

"Nada é 100% garantido: se funcionar, genial, e se não, simplesmente tivemos umas férias maravilhosas", declarou a jovem americana. 

"Se uma primeira tentativa falhar, sempre podemos voltar a tentar", acrescentou. "Eles já têm meus óvulos congelados, será mais fácil". E de todas as formas, confessou, "é preciso voltar à Istambul seja como for". 

Fonte: Terra 

Estudo brasileiro traça perfil dos doadores de gametas e embriões



A reprodução assistida tem contribuído para minimizar questões decorrentes de fatores que comprometem os ideais de constituição de famílias compostas por filhos gerados em seus núcleos.

As descobertas e alternativas para o tratamento da infertilidade foram se ampliando e proporcionando aos pacientes, que por algum motivo não mais possuíam seus próprios gametas, a possibilidade de contar com um banco de sêmen, com a doação de óvulos e de embriões. No entanto, em meio aos progressos, não raro surgem os questionamentos em relação ao que leva uma pessoa a optar por gametas doados, como também porque alguns pacientes optam em doar.

O Fertility – Centro de Fertilização Assistida desenvolveu um estudo para traçar o perfil das pacientes que se submetem a ciclos de reprodução assistida e são doadoras de óvulos e embriões. Foram analisados 229 termos de consentimento informado, entre os anos de 2010 e 2011. Neste documento, o casal determina o destino dos gametas e embriões excedentes ao tratamento. Os resultados mostraram que 34,5% das pacientes doariam seus óvulos e 24,9% doariam os embriões.

Em se tratando da doação de óvulos, as pacientes são mulheres jovens que também estão se submetendo às técnicas de Reprodução Assistida, em que o principal fator da infertilidade é masculino. Entre as doadoras, 42,1% têm até 35 anos; 20,7% entre 36 e 39 anos e 33,3% estão com 40 anos ou mais. O levantamento também avaliou o grupo a partir da escolaridade e religião, conforme registrado nas tabelas 1 e 2.





A partir dos dados apresentados notamos que pacientes mais jovens são mais propensas a doarem seus óvulos excedentes. Entretanto, a religião parece não influenciar a ovodoação. Nós, enquanto profissionais da área de reprodução assistida, devemos buscar recursos para manter a ovodoação como tratamento viável para pacientes que dela necessitem.

Um pouco mais polêmica, mas também totalmente possível, a doação de embriões possui algumas questões mais específicas, que dizem respeito em grande parte a noção de que a carga genética define a parentalidade, decorrendo culpa ao delegar o seu próprio, sem controle face ao destino de um potencial filho.

A doação de gametas e embriões tem como norma reguladora a Resolução n. 1.358/92 do Conselho Federal de Medicina, que estabelece duas premissas básicas: não ter caráter comercial e preservar o anonimato dos doadores.

Numa pesquisa anterior, realizada há dois anos, foi identificado que 86% das mulheres com embriões congelados não pretendiam doá-los para outras pacientes, uma vez que entendiam que seria como entregar um filho para doação. Segundo a psicóloga da clínica, responsável por conduzir o estudo, neste caso, a doação geraria culpa, medo e angústia. Já para 14% das pacientes que doariam seus embriões, a ação girava em torno de um mesmo propósito: o reconhecimento da dor do casal que deseja passar pela experiência de gestar e dar a luz, mas não consegue devido a algum problema de infertilidade.

Fonte: Clínica Fertility / SP

terça-feira, 11 de junho de 2013

Responsável pela 1ª gravidez no mundo com transplante de tecido ovariano


O avanço é considerado um dos mais importantes em tratamentos de infertilidade nos últimos 25 anos.

O Centro de Reprodução Humana Nilo Frantz, dentro das comemorações dos seus dez anos, traz à Capital gaúcha, o pesquisador e professor da Universidade Católica de Louvain\Bélgica,Jacques Donnez, responsável pela primeira gestação, com transplante ovariano no mundo, em 2004, publicada na RevistaThe Lancet. A conferência será apresentada no dia 28 de junho, às 8h30min, no Hotel Sheraton, em Porto Alegre, durante o Simpósio de Endometriose e Infertilidade: Evidência, Experiência e Inteligência. De acordo com o coordenador geral do Evento, Nilo Frantz, a programação vai abordar novidades científicas nas áreas da endometriose, videolaparascopia, oncologia e infertilidade. O evento é direcionado para médicos e as inscrições podem ser feitas pelo sitehttp://www.nilofrantz.com.br/evento e (51) 2108-3121.

Transplante de ovário
A belga Quarda Touirat, de 32 anos, havia sido diagnosticada com linfoma de Hodgkin em estágio avançado. Os médicos chefiados por Jacques Donnez apresentaram uma proposta revolucionária para preservar a sua fertilidade antes da quimioterapia. A expectativa é de que a técnica ajude milhares de pacientes vítimas de câncer a engravidar e ter filhos.
Donnes explica que parte do tecido ovariano foi removido e congelado e a paciente recebeu o reimplante seis anos mais tarde, depois de se curar, e logo voltou a menstruar. O avanço é considerado um dos mais importantes em tratamentos de infertilidade nos últimos 25 anos. A única opção para a paciente Quarta Touirat, sem o reimplante do tecido ovário seria a fertilização in vitro com um óvulo doado.

Avanços

A nova técnica envolve a remoção de uma camada de 1 a 2 milímetros do ovário e cortá-las em partes, que são depois congeladas em nitrogênio líquido a uma temperatura de quase 200 graus Celcius negativos. O tecido pode ser depois transplantado para qualquer parte do corpo e ainda funcionar. Os óvulos poderiam depois ser removidos e utilizados num tratamento de inseminação artificial, mas, no caso belga, o tecido foi reimplantado no final das trompas de falópio, possibilitando uma gravidez natural.
 

Fonte: Clínica Nilo Frantz

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Vacina produzida com os linfócitos paternos




Quando a informação imunológica de um casal é diferente, o organismo da mulher reconhece o feto como um corpo estranho, mas, logo depois, passa a produzir os anticorpos bloqueadores que evitam o aborto espontâneo. Mas nem todos os casos são assim. Algumas vezes é preciso adotar outros recursos para que o organismo receba o embrião sem rejeição. O Dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi, Diretor clínico do IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetricia), explica.

O que é a vacina produzida com os linfócitos paternos e em quais casos está indicada?
Primeiramente é preciso explicar que quando o embrião chega ao útero da mãe ele traz o DNA materno e o DNA paterno. O DNA do pai poderia ser entendido pelo organismo da mãe como um corpo estranho, fazendo com que ele o rejeitasse.
Normalmente as mulheres criam um novo anticorpo que é um antídoto para proteger o embrião contra a rejeição. Quando esse anticorpo protetor não se forma a mãe rejeita o embrião, impedindo a sua implantação ou ocasionando um aborto posteriormente.
Nesses casos, se faz uma vacina ILP (imunização com linfócitos) com o sangue paterno para que o organismo da mãe forme esse anticorpo protetor antes do embrião chegar.
Para se compreender melhor, é como se você chamasse a polícia antes do ladrão chegar.

Há controvérsias sobre essa vacina? 
Existem algumas controvérsias sobre a validade vacina, pois as mulheres que nunca engravidaram não tem esse anticorpo. Daí surge a questão: será que vale a pena fazer essa vacina? Não existem estudos que comprovem a sua eficácia, embora em casos especiais ela pode ser utilizada.

É possível saber antes se a mulher terá essa rejeição? Ou ela precisa passar por todo o processo, sofrer as falhas de implantação e abortos recorrentes?
Se você fizer o exame cross-match* ele certamente vai dar negativo se a mulher ainda não tiver engravidado, portanto, não é possível concluir se a mulher terá os anticorpos ou não. Somente na prática.

Se o cross-match for feito após um aborto, daí ele teria um resultado confiável? 
Se ela tiver abortos recorrentes sim. Um cross-match negativo representa a ausência de anticorpos protetores.

Então o diagnóstico é esse: clínico, pelo histórico do casal, e exames seria somente o cross-match após aborto?
Sim, após abortos e falhas de implantação em caso de tratamentos de reprodução assistida.

O uso da vacina está bem fundamentado?
Não, se não esse uso já seria mais consolidado. O tratamento também pode ser feito com a imunoglobulina. Ela é um soro que contém anticorpos de outras pacientes que carregam os anticorpos protetores. É um preparado especial injetado na mulher pouco antes da transferência dos embriões para que ela tenha os anticorpos protetores.

Essa imunoglobulina é manipulada?
Não, ela é vendida pronta e seu custo financeiro é alto. Uma dose (calculada por peso, 200mg/kg) custa, em média de R$3.500 a R$4.000. Depois que a mulher engravidar ela vai tomar mais duas ou três doses.

Existe alguma evidência de que os filhos de mulheres tratadas com a imunoglobulina ou com a vacina possam apresentar problemas?
Não, até hoje não se comprovou nada. 

*Sobre o cross-match:
A avaliação da presença dos anticorpos protetores é feita com um exame denominado Cross-Match, que pesquisa a existência de anticorpos contra linfócitos paternos no sangue da mãe. Existem diferentes métodos para a detecção desses anticorpos no soro materno, tais como a microlinfocitotoxicidade e a Citometria de Fluxo Quantitativa, sendo somente o último indicado para a avaliação na área de reprodução, principalmente por ser mais sensível e apresentar menos variância entre resultados da mesma amostra. Os resultados dos exames de Cross-Match são usados para indicar o tratamento e para monitorizar a resposta materna à aplicação das vacinas (ILP).
Concluímos que 3 aplicações de ILP com intervalos médios de 3 semanas são suficientes para sensibilizar a grande maioria das pacientes, e em torno de 30% dos casos necessitam de mais uma dose de reforço. Uma vez imunizada, a paciente permanece por volta de 6 meses sem a necessidade de novo tratamento, possibilitando assim durante esse período engravidar espontaneamente ou por métodos de fertilização caso seja necessário.  
É importante lembrar que todo casal deve passar por prévia consulta com médico especializado antes de qualquer tipo de tratamento. Só o médico é capaz de julgar a necessidade de exames complementares coadjuvantes bem como qual terapêutica será necessária para cada casal. 

Fonte: http://www.crossmatch.com.br/